Biografia
Floriano
de Araújo Teixeira nasceu na fazenda de propriedade de seu pai, em 1923, no
pequeno município de Cajapió, na baixada maranhense, região amazônica, cuja
singular beleza e riqueza da fauna e flora viria a ser objeto de seus primeiros
estudos e trabalhos, e influenciaria, posteriormente, profundamente a sua obra.
Em
1935, recebeu as primeiras aulas de desenho do professor Rubens Damasceno.
Datam, também, desse ano suas primeiras aquarelas e algumas caricaturas e
desenhos para histórias em quadrinhos. Incentivado pelo artista plástico J.
Figueiredo, Floriano faz as sua primeiras pinturas a óleo, a partir de 1940.
Estuda e documenta, então, tipos populares e cenas da vida campestre. El Greco
o impressiona, especialmente pelo alongamento das figuras. Já em 1941, recebe o
1º Prêmio de Pintura no 1º Salão de Dezembro, em São Luís. Nessa época, é
encarregado pelo Estado Maranhense a fazer um levantamento e catalogar as
gravuras, desenhos e pinturas da coleção Arthur Azevedo, onde manuseia trabalhos
de Daumier, Millet, entre outros. Descobre, então, Portinari e toma contato com
as técnicas de xilogravura e monotipia. Interessa-se, nesse momento, sobretudo
pela anatomia animal. Realiza, em 1947, a sua primeira exposição individual no
Instituto do Ceará, em Fortaleza, patrocinada pela Sociedade Pró-arte.
Participa da fundação do Núcleo Eliseu Visconti, em 1949. Muda-se para o Estado
do Ceará, em 1950, e participa das atividades do grupo de artistas locais.
Continua desenhando tipos populares, mas inicia, paralelamente, uma série de
trabalhos com temas de natureza morta, composta com objetos da arte popular.
Nos anos seguintes, participa de diversos salões oficiais no Ceará e faz
xilogravuras para o jornal "O Democrata". Braque é então seu mestre.
Em 1952, funda o Grupo dos lndependentes, com Antônio Bandeira, J. Siqueira,
Zenon Barreto, Goebel Weyne, Jairo Martins Bastos e outros. Datam de 1956 suas
primeiras tentativas abstratas. Em 1962 é convidado para dirigir o recém
fundado Museu de Arte da Universidade do Ceará. Já em 1963, retorna ao
figurativismo, retratando cenas da vida familiar. Vem então a Salvador, a
convite de Lina Bo Bardi, onde é apresentado ao público baiano, expondo seus
óleos e desenhos no Museu de Arte Moderna. A partir de 1965 fixa residência em
Salvador. Faz ilustrações para livros de Jorge Amado e, posteriormente, se
consagra como grande ilustrador e faz capas para obras de autores de renome da
literatura brasileira. Na Bahia seu trabalho ganha divulgação nacional.
A
partir de 1966, participa de coletivas e individuais por todo o Brasil, expondo
em renomadas galerias comerciais. Participa também de diversos salões de artes
plásticas, onde se destacam a Iª. Bienal Nacional de Artes Plásticas, em l966,
em Salvador, e a mostra "Panorama da Arte Atual Brasileira", em São
Paulo. Entre a década 70 e 90, prossegue realizando exposições individuais em
galerias de arte pelo Brasil e no exterior, e participa, também, de exposições
coletivas na Itália, França, Espanha, Portugal, África, Turquia, México, Israel
e diversos países da América Latina. Em 1985 seu desenho é alvo de uma
exposição, pormenorizada e histórica por parte do Núcleo de Arte Desenbanco,
intitulada "O Desenho e os Desenhos de Floriano Teixeira".
No
decorrer de sua carreira, recebe vários primeiros prêmios, inclusive o Grande
Prêmio da Iª. Bienal Nacional de Artes Plásticas. Executa também numerosos
painéis em diversos estados, dentre os quais se destacam o do Palácio do
Governo, em São Luís, o do Edifício Sul América, em Fortaleza, o do Banco do
Nordeste do Brasil, em Recife, os da Secretaria dos Transportes e Comunicações,
no Centro Administrativo, e do Banco do Estado da Bahia, em Salvador.
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Painel sobre transportes - tríptico |
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Painel sobre transportes - tríptico |
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Painel sobre trasportes - tríptico |
Sua
obra se caracteriza pela suavidade e harmonia de suas cores e pelo aprumo no
desenho. Gosta de utilizar como tema, sobretudo, a natureza, crianças,
trabalhadores do campo e suas mulheres de formas sensuais e olhares lânguidos.
Sobre ele, certa vez escreveu o amigo Jorge Amado: "Enriqueceu a
humanidade baiana, engrandeceu nossa arte, deu-lhe a dimensão, o gosto do
detalhe - certos quadros seus são trabalhos de miniaturista. Esse índio do
Maranhão, esse baiano do Rio Vermelho, é um ser extremamente civilizado, veio
da Floresta, mas às vezes dá a impressão de ter chegado da Renascença".
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Ana Maria (filha) óleo - década de 40/50 |